O Bairro como heterotopia? Aberturas para uma discussão sobre o espaço representado na série de Gonçalo M. Tavares

Resumo

Foucault, de antemão, é um teórico com muitos caminhos para se olhar. Neste trabalho, a proposta é aproximar as teorias sobre heterotopia, daquilo que já vem sendo discutido, na composição do autor contemporâneo português Gonçalo M. Tavares: O Bairro; série que atualmente conta com 10 obras, e interstício para mais 29, nas quais o autor retrata o cotidiano e convívios de diferentes senhores, em um espaço criado pelo próprio Tavares a fim de habitar alguns intelectuais, como uma forma de refúgio de um mundo que não lhes cabe. Será que se consegue olhar para essas obras por uma perspectiva heterotópica? A proposta deste artigo é pelo menos realizar uma abertura dessa discussão de um espaço outro. Para isso, usa-se bases de Foucault (2015; 2002; 1999) e Vilas-Boas (2002), principalmente, que procuram permear esse diálogo sobre a exterioridade. Além disso, introduzimos esse artigo olhando para um conceito do teórico italiano Franco Moretti (2003): a geografia literária, ideia que capacita uma análise a partir de mapas na literatura.