A INTERSECÇÃO DO SAGRADO E DO SOCIAL
CASOS CRIMINAIS DE POSSE DEMONÍACA E A POSIÇÃO INSTITUCIONAL DA IGREJA BRASILEIRA
Resumo
O Brasil, como país de intensa religiosidade, enfrenta recorrentemente casos criminais em que o agente alega ter cometido homicídio ou lesão corporal sob o domínio da posse demoníaca. Tais eventos forçam a colisão entre a dogmática penal (que seculariza o fenômeno em psicose) e a cosmovisão religiosa, que o trata como realidade espiritual. Este artigo analisa casos brasileiros notórios, especialmente homicídios ocorridos em rituais de "exorcismo doméstico", e confronta suas narrativas com as posições institucionais da Igreja Católica (ICAR) e das Igrejas Evangélicas Neopentecostais. A ICAR adota uma postura de cautela rigorosa, exigindo o laudo psiquiátrico como filtro e restringindo o Exorcismo Solene. Em contraste, o neopentecostalismo adota a Guerra Espiritual como doutrina primária, tratando a possessão como fenômeno comum e exigindo intervenção imediata de "libertação". Conclui-se que a divergência institucional reflete o dilema do Estado laico: garantir a liberdade de crença sem negligenciar a segurança pública e o diagnóstico médico.
Copyright (c) 2025 Anais do EVINCI - UniBrasil

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.