AFASIA EM IDOSOS: SUBJETIVIDADE, DISCURSO E A CONSTRUÇÃO TERAPÊUTICA NA FONOAUDIOLOGIA

  • Betina Sguario Moreschi antonio UNIBRASIL
  • L Cordeiro Rodrigues
  • Thais Avelino
Palavras-chave: Afasia; Idosos; Subjetividade; Fonoaudiologia; Discurso; Terapia em grupo.

Resumo

Resumo

 

 

     

 

 

A afasia em idosos é um distúrbio neurológico adquirido da linguagem, geralmente decorrente de lesões cerebrais como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), que afeta fala, compreensão, leitura e escrita. Com o aumento da expectativa de vida, cresce também a incidência de afasia na população idosa, trazendo não apenas prejuízos comunicativos, mas também impactos significativos na subjetividade, na identidade e na qualidade de vida desses sujeitos. Este trabalho propõe uma reflexão sobre a atuação fonoaudiológica humanizada no cuidado ao idoso afásico, com base em vivências clínicas e na obra “Diário de Narciso: discurso e afasia” (COUDRY, 1986), que destaca o sujeito afásico como produtor de sentido, mesmo diante das rupturas linguísticas. As intervenções foram realizadas em grupos terapêuticos compostos por três pacientes, o que favoreceu a construção de vínculos, a escuta ativa e a troca de experiências. A abordagem fonoaudiológica foi pautada em estratégias discursivas e funcionais, utilizando recursos simbólicos como música, leitura compartilhada, imagens e objetos pessoais, além de atividades lúdicas e sensoriais. Durante os estágios clínicos, observou-se que práticas como jogos, dominós, xilogravura e comunicação alternativa estimularam a expressão emocional e a interação social dos participantes. A escuta qualificada do terapeuta mostrou-se essencial para validar o sujeito e promover a reconstrução de sua identidade. Os resultados indicaram que os grupos terapêuticos contribuíram para a espontaneidade da fala, a autorregulação emocional e o fortalecimento da autoestima. Mesmo em casos mais graves, o uso de materiais concretos e a abordagem discursiva permitiram que os idosos se reinscrevessem no mundo por meio da linguagem. Conclui-se que a atuação fonoaudiológica deve ir além da reabilitação técnica, incorporando ética, afetividade e respeito à trajetória de vida de cada paciente. A afasia não silencia a essência do ser, mas desafia o terapeuta a criar caminhos para que ela se manifeste de forma singular e potente.

Referências

COUDRY, C. F. Diário de Narciso: discurso e afasia. Campinas: Pontes, 1986.
ANDRADE, C. R. F.; BEVILACQUA, M. C.; GODOY, D. M. Afasia: aspectos clínicos e terapêuticos. Revista CEFAC, São Paulo, v. 7, n. 4, p. 503–510, 2005.
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GONÇALVES, M. I. M.; SILVA, H. J. Fonoaudiologia e doenças neurológicas: abordagem terapêutica. Recife: EDUPE, 2012.
MONTEIRO, V. R.; GONÇALVES, M. I. M. Abordagens terapêuticas na afasia: práticas discursivas e funcionais. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 10, n. 2, p. 345–360, 2010.
Publicado
2025-12-12
Seção
Fonoaudiologia EAD

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