INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM ADULTO JOVEM COM GAGUEIRA RECORRENTE: RELATO DE CASO CLÍNICO

Resumo

Resumo

A gagueira é um distúrbio multifatorial da fluência da fala que envolve a interação complexa entre fatores emocionais, cognitivos, neurológicos e linguísticos. Essa condição pode comprometer a comunicação funcional, afetar as relações interpessoais e impactar negativamente a qualidade de vida do indivíduo. Embora frequentemente se manifeste na infância, sua recorrência na vida adulta representa um desafio terapêutico, especialmente quando associada a situações de ansiedade, pressão social e exigências comunicativas. A atuação fonoaudiológica é fundamental para compreender os fatores que desencadeiam a disfluência e propor estratégias que favoreçam a reabilitação comunicativa e o fortalecimento da autoconfiança. Este estudo relata a intervenção fonoaudiológica em uma paciente adulta jovem, de 26 anos, com histórico de disfluência na infância e reincidência na vida adulta. Foram aplicados os protocolos Overall Assessment of the Speaker’s Experience of Stuttering – Adult (OASES-A) e Tempo Máximo de Fonação (TMF), além da coleta de amostras de fala e sessões semanais de fonoterapia. O plano terapêutico individualizado incluiu técnicas de respiração diafragmática, relaxamento corporal, motricidade orofacial, modelagem da fluência, dessensibilização frente a emoções negativas e treino de habilidades comunicativas, como contato ocular e leitura dirigida. Os resultados indicaram impacto moderado a severo na qualidade de vida, segundo o OASES-A, e valores dentro da normalidade no TMF. Ao longo das sessões, observou-se melhora na fluência em leitura e fala espontânea, maior controle respiratório, redução da tensão cervical e aumento da autopercepção comunicativa. Conclui-se que a abordagem integrada se mostrou eficaz na redução da disfluência situacional e na promoção da autoconfiança, destacando a importância da atuação fonoaudiológica no manejo da gagueira em adultos. Além dos ganhos clínicos observados, a intervenção contribuiu para o fortalecimento da autonomia comunicativa da paciente em ambientes sociais e profissionais, ampliando sua participação ativa em interações cotidianas. A evolução positiva reforça a necessidade de abordagens terapêuticas que considerem a singularidade de cada caso, promovendo não apenas a melhora da fluência, mas também o bem-estar emocional e a inclusão social. O estudo evidencia o papel transformador da fonoterapia na vida adulta e a relevância de práticas baseadas em evidências para o enfrentamento da gagueira em contextos contemporâneos.