VOZ, ESPIRITUALIDADE E REABILITAÇÃO: FONOTERAPIA INTEGRADA EM CANTORA COM NÓDULOS VOCAIS E FENDA GLÓTICA
Resumo
Resumo
Este estudo apresenta o acompanhamento fonoaudiológico de uma paciente adulta, cantora amadora atuante em práticas religiosas da Umbanda, com diagnóstico médico de nódulos vocais e fenda glótica em ampulheta. A paciente relatava sintomas de fadiga vocal, rouquidão persistente e ausência de preparo técnico vocal, além de hábitos deletérios como uso de narguilé e abuso vocal em atividades cotidianas e espirituais. O caso foi atendido na Clínica Escola UniBrasil entre maio e junho de 2025. Descrever o processo terapêutico fonoaudiológico voltado à reabilitação vocal de uma paciente com alterações estruturais benignas nas pregas vocais, considerando os impactos funcionais, emocionais e sociais associados ao uso vocal intenso e prolongado. A atuação vocal em contextos religiosos e artísticos, sem orientação técnica adequada, pode gerar prejuízos significativos à saúde vocal. A ausência de preparo e de cuidados preventivos favorece o desenvolvimento de disfonias e fadiga vocal, comprometendo a qualidade de vida e a expressão identitária. Este trabalho justifica-se pela necessidade de evidenciar a importância da fonoterapia preventiva e reabilitadora, especialmente em cantores amadores que utilizam a voz como instrumento de espiritualidade e comunicação. Foram realizadas cinco sessões fonoaudiológicas, com aplicação de protocolos como GRBASI, MBGR, TMF e VHI, além de entrevista de anamnese e avaliação perceptivo- auditiva. O plano terapêutico incluiu orientações sobre higiene vocal, técnicas de respiração diafragmática, exercícios semiocluídos com canudos e tubo na água, vibração de língua e lábios, massagem laríngea, vocalizes ressonantais e estratégias de propriocepção laríngea. Também foram abordados aspectos emocionais, com técnicas de relaxamento e metáforas terapêuticas. Ao longo das sessões, observou-se melhora na coordenação pneumofonoarticulatória, redução da tensão vocal, aumento da projeção vocal e maior consciência corporal e ressonantal. A paciente demonstrou engajamento nas atividades e relatou melhora na fluidez vocal e no controle respiratório. Apesar da evolução clínica, persistem fatores de risco como o uso de narguilé e quadros de ansiedade, que podem comprometer a manutenção dos ganhos terapêuticos. A fonoterapia mostrou-se eficaz na reabilitação vocal e no fortalecimento da autonomia comunicativa da paciente. O caso evidencia a importância de abordagens integradas que considerem não apenas os aspectos técnicos da voz, mas também os fatores emocionais e contextuais envolvidos. A atuação fonoaudiológica deve promover escuta qualificada, educação vocal e estratégias personalizadas, contribuindo para a saúde vocal, a inclusão social e o bem-estar global do paciente.
Referências
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BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo; MORETI, Felipe. Higiene vocal: cuidando da voz. Rio de Janeiro: Thieme Revinter, 2018.
PINHO, Sílvia Maria Rebelo; KORN, Gustavo Polacow; PONTES, Paulo. Músculos intrínsecos da laringe e dinâmica vocal. Rio de Janeiro: Thieme Revinter, 2019.
ROBERT, Fabio. Laudo de videolaringoscopia. Curitiba: Hospital IPO, 23 abr. 2025.
CLÍNICA ESCOLA DE FONOAUDIOLOGIA UNIBRASIL. Prontuário da paciente Maria Laura Dias dos Santos. Curitiba: UniBrasil, 2025.
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